Artesanato

O Artesanato de Nisa reveste-se de técnicas ancestrais, muito peculiares, que se traduzem numa beleza singular. Cada tipo de artesanato identifica-se com as suas gentes, os seus usos e costumes.

O artesanato divide-se em áreas distintas:
- Bordados e rendas
- Olaria
- Outros

 

Os bordados subdividem-se ainda em:
- Alinhavados
- Bordados a ponto cadeia
- Aplicações em Feltro

 

As rendas ainda se subdividem em:
- Renda de Bilros
- Frioleiras
- Renda do Nó
- Xailes de pêlo de cabra

 

Os outros tipos de artesanato são, essencialmente, os trabalhos em madeira e cortiça, a telha mourisca e as redes de pesca.
A maior percentagem dos trabalhos de artesanato são de exclusiva actuação de mão de obra feminina. A olaria e as redes de pesca exigem, porem uma interdependência entre os dois sexos.
São a olaria e os bordados que envolvem um maior número de pessoas e que, por outro lado, também são os mais representativos do património artesanal concelhio.

 

Olaria
Apesar de se saber que a olaria pedrada é em Nisa uma tradição bastante antiga e intimamente ligada à preservação da água, não há estudos concretos que nos permitam precisar a sua origem temporal e geográfica. Sabe-se, isso sim, que esta arte coexistiu e coexiste nesta região do Alto Alentejo, nomeadamente em Nisa e Estremoz (vila que dista 84 km de Nisa e que também apresenta uma técnica decorativa de incrustação no barro, embora com características algo diferenciadas) e na região contígua da Alta Estremadura espanhola, onde ainda hoje se pratica a técnica decorativa do empedrado, nomeadamente na localidade fronteiriça de Ceclavín, aí chamada de enchinado.
E pese embora não haver hoje em dia oleiros em actividade à excepção da sede do Concelho, a Olaria de Nisa não se concentrou apenas aí, tendo-se estendido a outras localidades a ele pertencentes, e que foram em tempos grandes centros de cerâmica: Amieira do Tejo – onde predominava a construção de talhas e telhas – Montalvão – também conhecida pela manufactura de talhas – e Cacheiro – onde ainda até aos anos 80, altura em que o último oleiro aí residente, de seu nome José Lopes, se reformou, se fabricavam peças idênticas às de Nisa, embora com uma tez e decoração bastante peculiares.
Por outro lado, e embora a olaria de Nisa tenha tido como função primordial conservar água fresca para uso doméstico – potencialidade muito útil antes da água canalizada e da electricidade se terem generalizado nas habitações –, e também permitir o transporte do líquido para matar a sede aos viajantes e aos trabalhadores rurais, deu-se, a partir dos anos 60 do século XX, uma crescente procura de cariz mais decorativo e simbólico do que utilitário, e que se deveu em muito ao facto de Nisa ser então ponto de paragem obrigatório para quem viajava de camioneta entre Lisboa e a Beira Interior, e vice-versa.
Isto gerou uma adaptação no tipo de peças executadas, tanto no que concerne à sua morfologia, como à sua decoração. Assim, para além do tradicional vasilhame, que antes os oleiros comercializavam nas várias localidades do concelho de Nisa e nas dos concelhos vizinhos de Portalegre, Abrantes, Vila Velha de Ródão, Castelo Branco, Covilhã, etc. – especialmente nas estações ferroviárias da Linha da Beira Baixa – começou-se, a partir de então, a fabricar artefactos decorativos diversos, como pratos, travessas, miniaturas, cinzeiros, pequenas réplicas de animais, etc., ao mesmo tempo que as peças de morfologia mais tradicional se tornavam revestidas de uma decoração pedrada distinta, levada a cabo com pedra de menor calibre (chamada de 1ª e de 2ª) e em apenas uma linha ou ida, como dizem os populares. A esta decoração, a mais comum nos nossos dias, dá-se o nome de Decoração de Tipo Moderno.

 

Bordados
“As rendeiras estão sentadas em tripeças, junto das portas, vestidas com trajes característicos - saias escuras com barras claras, roupinhas de pano, lenço traçado sobre o peito, e mantinha curta na cabeça ou o clássico chapéu nisense; adornam-se com gargantilhas e fios de ouro, onde predominam os antigos hábitos de Cristo, de ouro esmaltado. Algumas delas, com rebolo (almofada) sobre o joelhos, vão fazendo as rendas de colchete, das mais complicadas, rendas de rebolo (bilros), ou fazendo renda de agulha, que servem, as mais das vezes, para colchas, que levam anos a compor e que gerações guardam nos arcazes, servindo somente nos dias festivos de bodas ou baptizados. A indústria das rendas de Nisa, restringida ao uso local, nota certo desenvolvimento no labor das rendeiras, pela exportação de muitos e belos exemplares.”
De tradição muito antiga, sendo embora a sua origem impossível de datar com rigor, os bordados de Nisa chegam até nós devido a um arreigado tradicionalismo das gentes locais, com principal ênfase no respeito pelos costumes do casamento: a cama da noiva, a que se dava o nome de cama grave, era normalmente adornada com colchas, cobertores, lençóis e toalhas, a maior parte das vezes produzidas pela própria, e que faziam o seu orgulho, as delícias dos visitantes, e a inveja ingénua das moças casadoiras.
Mas se até meados do século XX, era em casa das Mestras (na sua maioria mulheres idosas e exímias bordadeiras, que ensinavam a arte enquanto davam vazão às encomendas) que as meninas aprendiam este labor, logo após a saída da escola, a mudança de hábitos de vida, com o aumento da escolaridade obrigatória e a possibilidade de continuar os estudos, retirou-lhes tempo para a confecção do enxoval e para a longa e laboriosa aprendizagem envolvida nesse processo secular.
Sem aprendizes, logo sem ajudantes, a arte das bordadeiras foi-se assim perdendo, por não ser mais rentável. E com ela a qualidade ancestral dos Bordados de Nisa, que passaram revestir-se de elementos decorativos cada vez menos cuidados e morosos, elaborados muitas das vezes através de fabrico mecânico. Ora, juntando a isto o facto de as encomendas exteriores, trazidas pelas “senhoras”, se basearem cada vez mais em desenhos importados das revistas da moda, se possível estrangeiras, o bordado nisense foi perdendo alguma qualidade e genuinidade que lhe conferiam a beleza e a riqueza artística inestimável de outros tempos.


Contactos de Artesãs
Antónia Carita Dinis Polido / Fernanda Crespo (Alinhavados)

Santa Casa da Misericórdia de Nisa
Rua Dr. Manuel de Arriaga
Nisa
Telemóvel: 96 245 02 20

 

Grupo de Bordados da Junta de Freg. do Espírito Santo (Bainhas abertas e rendas de nó)
Largo Heliodoro Salgado, 12/13, Apartado 2
6050-342 Nisa
Telefone: 245 412 219

 

Dinis Pereira - Artesanato Galucho (Feltro)
Portas de Montalvão
6050 Nisa
Telefones: 245 412 329 / 245 412 642

 

Antónia Dinis Gomes Carita (Olaria)
Estrada de Montalvão
6050-326 Nisa
Telefone: 245 412 673

 

António Pequito (Olaria)
Rua 25 de Abril, nº 72
6050-343 Nisa
Telefone: 245 412 182
Telemóvel: 963 097 682

 

Centro de Artesanato Regional de Nisa (Feltro e Bordados)
Rua Júlio Basso, nº 45
6050-315 Nisa
Telefone: 245 412 465

 

Catarina Miguéns (Friloeiras - Quadros)
Bairro da Cevadeira, nº 35
6050-353 Nisa
Telefone: 245 412 740

 

Maria da Graça Certainho Louro e António louro (Olaria)
Rua Sidónio Pais, nº 36
6050-327 Nisa
Telefones: 245 412 826 / 245 413 281

 

Natália Mendes (Trabalhos em Feltro)
Rua Dr. Mário Mendes, 6
6050-371 Nisa
Telefone: 245 412 117

 

Conceição Marzia
Estrada das Amoreiras, 52
6050-385 Nisa
Telefone: 245 412 671

 

Casa de Artesanato / Maria da Luz Oliveira
Praça da República
6050-350 Nisa

 

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